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05 agosto 2021

Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio: Refletindo sobre a Educação Física Adaptada nas escolas brasileiras

✎ Por Mayara Gonçalves

Eu sempre amei assistir às competições olímpicas por envolverem muitos países e culturas diferentes. Até hoje minha TV fica sintonizada nos canais de esportes o dia todo para espiar as competições durante esse período (aliás, estou triste por não poder trocar a noite pelo dia e acompanhar tudo ao vivo nesta edição!). Para completar, recentemente comecei a acompanhar a NBA (onde cada jogo é um verdadeiro show de adrenalina) e isso me fez refletir bastante sobre a minha relação com o esporte enquanto pessoa com deficiência e, principalmente, sobre o modo como ele é introduzido na vida escolar da criança. Assim, é sobre isso que vamos falar no texto de hoje!




































Basquete na Paralímpiadas Rio 2016. Foto da Secretaria Especial do Esporte.

No fim dos anos 90 eu estudava na AACD, onde tínhamos aulas de Educação Física Adaptada. Lá o que importava era não ficar parado. A maioria das crianças ia para o chão da sala de aula participar das atividades: vólei com bexiga, handball (com aqueles gols pequenos que conseguimos colocar no chão) e muito mais! Era super divertido!

Inclusive em um desses anos, até fui participar de um campeonato amador que foi disputado entre alunos da AACD e do Lar Escola São Francisco (não lembro se outras escolas participaram) no Clube Ipê. Nele, meu time foi medalha de ouro no vôlei com bexiga e, até hoje, lembro de flashes nossos marcando os pontos e conto essa história para todo mundo.

Reportagem de 2015 publicado no canal da TV Cãmara de São Paulo sobre Educação Física inclusiva

Porém, quando fui para a escola regular nos anos 2000, minha relação com o esporte e a movimentação do corpo mudou completamente: a Educação Física se baseava em ver as outras meninas treinando coreografias para a Festa Junina e em fazer trabalhos escritos em folhas de almaço sobre os esportes olímpicos, entregando-os sempre no fim do bimestre. Assim, eu perdia uma das conexões mais importantes comigo mesma: meu corpo, que até então foi capaz de ganhar medalhas de ouro, agora não se mexia. 

Sim, eu até poderia continuar indo atrás do esporte e treinamento físico como muitos amigos meus da época de AACD fizeram. Porém, hoje vejo o quanto essa quebra repentina foi um desincentivo. Para falar a verdade, até hoje busco uma orientação profissional adequada e permanente para voltar a me mexer (mas isso é história para outra hora, quem sabe...).

Vídeo do canal Programa Especial com duas práticas para as aulas: totó humano e handebol sentado

O fato é que, diante de toda a amplitude do assunto “movimentação do corpo”, pouco se faz para incluir a criança ou adolescente com deficiência na Educação Física. Especialmente em um país como o Brasil, super famoso pela paixão pelo futebol, pouco se olha para outras atividades que facilmente poderiam fazer parte da nossa rotina escolar relacionada ao movimento do corpo.

Aliás, acredito que é um erro resumir a Educação Física à prática esportiva. Em vez disso, se fossemos incentivados a entender essa aula como o momento de se exercitar, um leque enorme de possibilidades se abriria. Pique-esconde é Educação Física! Alongamento é Educação Física! Dança é Educação Física! Tudo que nos faz mexer o corpo pode ser Educação Física!

Com isso, quero dizer que, sendo uma das poucas crianças com deficiência a frequentar as escolas por onde passei, não esperava formar um time de esporte adaptado, mas pelo menos participar dos aquecimentos que todo mundo fazia, de acordo com o que eu conseguisse. Afinal, um professor ou professora de Educação Física, em teoria, deveria ser um(a) especialista no movimento do corpo, que nos orienta durante as atividades e estimula o desenvolvimento e o bom funcionamento do corpo.

Prática de Educação Física na cadeira do canal TV CER

Em tempo, acho que algumas escolas têm buscado expandir a mentalidade a respeito dessa disciplina, mas ainda são poucas perto do que precisamos. Além de ser o lugar ideal para discutir e vivenciar experiências físicas parecidas com as de uma pessoa com deficiência, a Educação Física é uma ótima aliada daquelas e daqueles que querem se movimentar e manter a saúde, mesmo que individualmente.

Pensando nisso, separei três matérias muito legais que abordam a Educação Física inclusiva ao longo desta publicação e podem servir de referência para outras educadoras e educadores. Para finalizar, vale a pena abordar as Paralimpíadas, que nesta edição acontece de 24 de agosto a 05 de setembro de 2021. Elas existem há apenas 61 anos e abrem espaço para esportistas paralímpicos brilharem nos esportes adaptados.

A TV Brasil costuma transmitir as competições paralímpicas e cobrir o evento em detalhes no seu site. As demais emissoras normalmente comentam os maiores destaques da competição em matérias especiais. O desempenho do Brasil é sempre muito bom, como mostra este quadro do Comitê Paralímpico Brasileiro, e vale muito a pena acompanhá-lo mais de perto!

Entretanto, ainda há muito o que lutar pela ampla divulgação das Paralimpíadas de maneira anticapacitista. Afinal, são muitos atletas incríveis do mundo todo disputando em 22 modalidades esportivas! Além disso, com a recente inclusão do skate nas Olimpíadas (mas não nas Paralimpíadas) se iniciou uma campanha para que o esporte (nomeado de paraskate) seja incluído no programa das Paralimpíadas de París, em 2024. Certamente, campeões como o Vinicios Sardi merecem demais o seu espaço para dar um show nas próximas Paralimpíadas, né?

Gostou? No site do CPB você fica de olho em tudo que acontece com nossos atletas paralímpicos no caminho para Tóquio! Comente aí embaixo para compartilhar as suas experiências e até a próxima!

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