✎ Por Mayara Gonçalves
Falar de autoestima é também adentrar a complexidade da mente e das relações humanas. Se pararmos para pensar em quando e como ela começa a ser construída, chegaremos à conclusão de que, desde que nascemos, somos influenciados por fatores que vão determinar nosso comportamento e a forma como olhamos para nós mesmos.
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Estudantes com deficiência em Tonga, país integrante da Polinésia. Fonte: Flickr |
Conversar sobre o assunto é também entender que o significado da palavra autoestima é por vezes simplificado pela sociedade. Diferente do que muitos pensam, ter autoestima não é algo relacionado apenas à estar satisfeito com a própria imagem física - para exemplificar melhor, aqui temos um gráfico. Como vocês sabem, eu não tenho uma formação na área de psicologia. Mas no texto de hoje pretendo refletir, enquanto PCD, sobre o papel da escola na construção da autoestima, sem perder de vista um dos maiores vilões deste contexto: o bullying.
O entendimento do corpo perfeito e o bullying contra a PCD
Apesar de ter dito anteriormente que a noção de autoestima não está relacionada apenas à imagem física, é certo dizer que ela acaba sendo responsável por suscitar as primeiras reflexões sobre o assunto, ainda na infância. É importante lembrar que essa é uma fase onde a personalidade ainda está em formação e é muito influenciada pelas relações externas. Então, se em família ou na escola recebemos críticas sobre alguma característica física ou aprendemos a criticar o outro, acabamos guardando aquilo e tomando como verdade, muitas vezes por um bom tempo de nossas vidas.
Bullying não! Ser diferente é legal, do Canal da Charlotte
Sabemos que qualquer corpo que seja considerado fora do padrão imposto pela sociedade pode sofrer bullying, justamente porque ela até hoje não se preocupou em incluir, acolher e respeitar a todos, independente de suas características ou condições. Trazendo a reflexão especificamente para o recorte da pessoa com deficiência, a verdade é que sofremos por estar em uma sociedade que ainda orienta suas crianças de maneira capacitista, normalizando esse tipo de conduta. Porque, se crianças com deficiência são ofendidas por causa de uma característica física sobre a qual não têm controle e este ato não é corrigido, elas passam a duvidar das suas capacidades. Assim, para além das questões emocionais, ainda é necessário lidar com a falta de acessibilidade, que agrava a sensação de inferioridade despertada pelo bullying.