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29 junho 2017

Avaliação: Autoavaliação na Educação Básica

✎ Por Fernanda Fusco
Mãozinhas fazendo uma autoavaliação no Infantil I

Durante toda a minha educação básica, eu sequer havia ouvido falar em autoavaliação: só fui conhecer este termo na graduação, quando meu grupo e eu tivemos que avaliar um de nossos trabalhos para compor parte da nota final. Lembro que nessa e nas outras vezes em que me avaliei senti muita dificuldade: como recordar de todo o percurso e me dar uma nota justa? Será que se eu me avaliasse com um 10 seria muita falta de modéstia? Um 7 seria muito pouco para o meu esforço e dedicação? Será que minha professora concordaria com isso? Qual nota será que ela me daria? Talvez se eu tivesse vivenciado essa experiência anos antes, não seria tão complicado e eu não teria receio em ser mais honesta e espontânea!

Mas será que é possível propor autoavaliações durante a educação básica? Será que as crianças e adolescentes têm maturidade para refletir acerca de seus comportamentos, conhecimentos, habilidades, competências...? Ao fazer estágio em uma escola de Educação Infantil da rede particular, descobri que sim, é possível fazer desde muito pititico!

Sempre realizo autoavaliações com os alunos e estas complementam os meus registros sobre cada um. Ela pode ser realizada com toda a turma ou individualmente, você orientando item por item ou deixando que leiam sozinhos, em folha impressa ou no próprio computador, conversando coletivamente e perguntando como cada um está preenchendo ou deixando-os em silêncio... Depende de como você ou a turma preferir! O importante é adequar a linguagem à cada faixa etária (ou explicar o significado das palavras que não conhecem), pensar em itens para avaliar inspirados em sua rotina (nas regras de convivência construídas pelo grupo, por exemplo) e orientá-los para serem sinceros, já que deverão observar o que ainda precisam melhorar para um próximo período (mês, semestre, ano). Propor para que utilizem lápis-de-cor ou giz-de-cera para colorir deixa o registro muito mais visual e fácil de interpretar!

É importante lembrá-los também com frequência para direcioná-los ao longo do ano:

"Vocês disseram na autoavaliação que sempre ajudam a organizar a sala, mas é isso o que está acontecendo agora?"

"Lembra na autoavaliação que você disse que iria melhorar em relação ao convívio com os colegas? Você acha que deve se esforçar um pouco mais?"

"Na autoavaliação, você explicou que no mês passado não caprichava tanto em suas atividades. Agora vejo que está se dedicando mais!"

O resultado sempre é muito positivo, mesmo que realizada apenas uma vez! As crianças e adolescentes normalmente demonstram grande interesse em superar o que consideram negativo e adoram fazer comparações no final do período para descobrir o que mudaram!

Para se inspirar, deixarei links de algumas autoavaliações que fiz ao longo desses anos:


E você, já trabalhou com autoavaliações? Relate as suas impressões nos comentários! =)

27 junho 2017

14 conselhos para novos professores

✎ Por Fernanda Fusco
Você finalmente concluiu a sua licenciatura: está com o seu diploma em mãos e apto a "comandar" a sua própria sala de aula. Seja em escolas particulares ou públicas, os desafios que enfrentamos são diários, mas ainda maiores quando somos novos na área e com pouca experiência! Além dos problemas rotineiros e presentes em todas as unidades escolares, a ansiedade e insegurança também nos acompanham no início da carreira!

Em um daqueles momentos em que me lembrava do meu primeiro ano enquanto educadora, resolvi lançar no Facebook a seguinte pergunta para os meus amigos professores:

Aproveite e venha deixar o seu comentário também!

Com base nas respostas, nas minhas memórias e antigos registros, elaborei esta lista com alguns conselhos para você que ingressou há pouco tempo!

1. Observe, ouça e aprenda com toda a equipe da unidade

 

É comum sairmos da licenciatura carregados de uma certa arrogância: por mais que saibamos que a realidade em sala de aula possa ser complicada, achamos que temos todas as respostas e muitas vezes julgamos outros profissionais por cometerem erros que nunca cometeríamos (ou que dizíamos que nunca iríamos cometer). Essa arrogância pode acabar nos isolando e nos cegando em relação às coisas boas que acontecem no dia-a-dia da escola!

Meu primeiro conselho é que abra os olhos, os ouvidos, a cabeça e o coração para as pessoas que fazem a escola ser o que ela é. Converse até mesmo com aqueles profissionais que parecem ter princípios ou concepções muito diferentes das suas: acredite, você vai aprender muito com eles! É conversando e entendendo o ponto de vista do outro (mesmo que nem sempre concorde) que superamos também muitos de nossos preconceitos: no meu caso, o que mais me marcou foi perceber que nem todo professor antigo é ultrapassado, estagnado e sem vontade de aprender - inclusive conheci professores com o pé quase na aposentadoria fazendo o que muito professor novinho não tinha coragem de tentar.

Com o tempo, você vai finalmente perceber que estão todos no mesmo barco e com os mesmos objetivos: cada um tentando alcançar de uma forma, mas o objetivo é sempre o de construir conhecimentos e desenvolver os seus alunos. Quem sabe também não rolam algumas parcerias?

2. Planeje, planeje muito!

  
 
"Cada minuto planejando as atividades que serão propostas garante uma aula muito mais encadeada e tranquila. As crianças sentem quando a aula não foi planejada e o professor está apenas "indo com a maré" e tendem a reagir da mesma forma: com desinteresse, displicência, falta de vontade. Com a internet e um pouco de paciência, é possível encontrar várias ideias criativas e sequencias didáticas super ricas que ajudam muito no planejamento. O planejamento a curto e longo prazo possibilita ter um olhar panorâmico sobre de onde estamos partindo e onde pretendemos chegar. Enfim, é um tempo muito bem gasto, e embora pareça muito difícil no início da vida docente, a prática vai se tornando cada vez mais ágil com a experiência." Conselho da professora Ekatherina Ugnivenko!

25 junho 2017

Relato de prática: Chegue mais e dê um cheiro!

✎ Por Fernanda Fusco
As tintas feitas com cola, água e especiarias
Ao longo deste bimestre, desenvolvi com as crianças e com as professoras Camila e Daniela uma sequência didática intitulada Viajando pelo Brasil, que também foi a temática da nossa Festa Junina. Houve um sorteio na escola e cada turma recebeu uma região para estudar a respeito e inspirar sua dança: o nosso Infantil I (crianças de 4~5 anos) foi contemplado com o Nordeste, região onde metade da minha família nasceu e pela qual sou apaixonada! <3

Aproveitando que estava visitando o meu avô na Bahia no começo do mês de Junho, trouxe alguns temperos (canela, colorau, açafrão e cominho) da feira de Muritiba para fazer tintas com as crianças! O engraçado é que mesmo estando de folga, a gente sempre pensa na escola, não é? Faz parte!

A senhora que me vendeu os temperos na feira de Muritiba
Antes de começar, conversamos um pouquinho a respeito dos temperos, contextualizei exibindo a foto da feira onde comprei e sentimos seus cheiros. O passo seguinte foi colocar cola e um pouco de água em cada copinho com a especiaria e deixar a garotada misturar! É incrível como uma atividade que nós, adultos, julgamos tão simples, tão "sem graça", possa ser tão encantadora para as crianças! Me diverti observando os seus olhinhos brilhando, contando o que estavam achando para os seus amigos, comparando as cores e texturas de cada mistura, ouvindo seus comentários...

"Prô, esse aqui parece chocolate ou diarreia!" (sobre a mistura com canela)

Mãos à obra: as crianças fazendo suas pinturas!
O segundo passo foi deixá-los livres para fazer suas criações usando cartolina amarela como suporte: alguns pensaram antes sobre qual desenho iriam fazer, outros só queriam experimentar as tintas; alguns utilizaram pincéis, outros as mãos. E o importante aqui não foi a estética (que é apenas consequência), mas a experiência das crianças no desenvolvimento desta atividade artística!

Depois que nossas obras secaram, cada criança pôde apreciar e sentir o cheirinho! Elas fizeram parte de um mural que chamamos de Chegue aqui e dê um cheiro!, exposto no dia da Festa Junina!

Nosso mural. Chegue mais e dê um cheiro!

24 junho 2017

O Projeto: Uma breve apresentação

✎ Por Fernanda Fusco
Desde quando comecei a cursar Pedagogia, em meados de 2007, me apaixonei pela área da educação: cada descoberta, cada curso, cada texto estudado, cada vivência no ambiente escolar, cada feedback dos meus pequenos e cada troca de figurinhas com meus colegas fazia eu me encantar ainda mais! Consequentemente eu sentia a necessidade de compartilhar essas experiências com o mundo e registrar o meu percurso de ensino e aprendizagem: utilizava então o meu blog pessoal ou as redes sociais para escrever a respeito. No entanto, a minha intenção sempre foi juntar todos esses registros em apenas um lugar: eis que nasceu a ideia de criar o Fala, Prô!

Pretendo compartilhar com vocês minhas descobertas, experiências (passadas e atuais) na área da educação, dicas de leituras, desabafos, pérolas que ouço frequentemente das crianças, e construir um ambiente de diálogo com outros educadores - por isso o seu comentário aqui, em nosso Facebook ou Instagram, sempre será bem-vindo!

Agradeço à minha colega Ana Paula Ribeiro, que em uma de nossas conversas informais mencionou a necessidade de "mostrarmos nossas vivências ao mundo" e de certa forma acender a centelha. Ao Conrado Kamakura, que sempre me apoia a cada loucura e a cada projeto novo, e tem uma paciência de monge para comigo. Ao Leo Shin, que me transformou nesta mascotinha super fofa e empoderada. E a todos os meus colegas professores e amigos alunos, que sempre me inspiram!

Espero que estes meus escritos sejam úteis para você de alguma forma e nos tragam muitos aprendizados! Até mais! =*

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